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Segundo dia de Paris começa 'devastado' e dourado

29 fev 2012 - 12h45
(atualizado às 14h21)
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Iesa Rodrigues
Direto de Paris

Há muitas opções para vestir no próximo inverno do hemisfério norte, segundo os participantes da semana de moda de Paris. Em uma manhã, nos oferecem a opção de sairmos com estampas de fantasmas e tumbas de cemitério ou de ofuscarmos o mundo com suéteres com detalhes de máscaras e arabescos dourados ou ainda, de escondermos as gordurinhas em calças bufantes e sobreposições de casacos, coletes, e o que mais quisermos.

Mas nem pensem que a liberdade é total. Afinal, a moda é bem mandona, gosta de impor suas leis. Estas opções todas são válidas, desde que... em preto. Nos desfiles, o preto abre, entra um vermelho-telha, um rosa-caído, um roxo-quaresma e o preto fecha no final. Quer dizer, botam umas cores só para facilitar o trabalho dos fotógrafos, já que o preto total rende imagens de poucos relevos e detalhes.

Os cemitérios, cruzes e mausoléus foram sugeridos pela dupla Ophelie Klere e François Alary, da marca Devastée. O show foi embaixo da ponte, mas que ponte: a Alexandre III, um dos principais monumentos de Paris, onde há salões altamente disputados para eventos. Na coleção, vestidos simples, trios de shorts, casaqueto e suéter, cardigãs, todos com estampas de mãos brancas, tumbas, cruzes ou fantasmas recortados sobre a frente, caveiras nada estilizadas sobre blazers. Claro, preto direto, principalmente no final, em vestidos de carpideiras e viúvas, em tafetá, em corte blusante.

Mau gosto? Bem, as peças são muito bem feitas, os looks de bocas negras e faixas adesivas nos cabelos coerentes com o tema funéreo. Os slippers de plástico preto são lindos. E este é o jeito da Devastée, marca que tem seus seguidores e encheu bem a sala de desfiles.

Damir Doma seguiu a ordem dos pretos no começo e no fim, recheou com telhas e uns salmões. A maior parte dos 10 minutos de coleção mostrou calças bufantes, ajustadas dos joelhos para baixo, com túnicas e coletes sobrepostos. Foi melhor, menos fantasioso, na ala de casacos longos e nos couros sobrepostos, como nas saias em camadas - atenção, de novo este tipo de saia que parece se dividir em duas. E tinha seu toque Devastée, nos colares com pingentes de cruzes.

As parisienses elegantes começam a frequentar os desfiles, depois de entrarem no Jardin des Tuileries, onde seria Guy Laroche, elas paravam a cada dois passos para serem fotografadas como moda de rua. Até parece que nas ruas as pessoas comuns andam com tantas peles, saltos, cabelos. Pois Laroche, a grife, continua digna da presença destas convidadas, graças ao trabalho do Marcel Marongiu, que segue o estilo chique.

Meio Celine, bastante belga, visto nas modelos de rabo-de-cavalo curto e baixinho, de saias justas de verniz e suéteres de mangas presunto e gola alta, botas de saltos finos e canos altos. Muito preto, em saias longas, blusas pregueadas e com barras peludas na frente e nas mangas. Um trecho de cores claras, brancos e marfins, um grupo de interessantes couros descascados em saias e casacos. E um susto: de repente, brotam suéteres e vestidos pretos com detalhes localizados de máscaras e arabescos dourados na frente. Um horror anunciado por suéteres ainda razoáveis, com a parte de cima em dourado liso e embaixo, de tricô de lurex. Depois destas peças, desandaram os douradões chocantes.

Será que as madames serão fotografadas na semana de moda de setembro com estes modelos? Acho que sim, mais do que com as caveiras e fantasmas da Devastée ou as calças bufantes do Doma.

Grife Guy Laroche foi um dos destaques do segundo dia da semana de moda de Paris, nesta quarta-feira (29)
Grife Guy Laroche foi um dos destaques do segundo dia da semana de moda de Paris, nesta quarta-feira (29)
Foto: AFP
Fonte: Especial para Terra
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