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Mineiro famoso na alta-costura de Paris quer o Brasil associado à sua marca

4 jul 2012 - 15h21
(atualizado às 16h50)
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As últimas duas semanas foram bastante corridas para o estilista Gustavo Lins, único representante brasileiro na semana de moda mais famosa do mundo, em Paris. No último dia 29, ele levou para a passarela da semana de moda masculina uma coleção com flashes do futebol brasileiro e, no último dia 3, apresentou sua linha na semana de alta-costura do país, com detalhes feitos a partir de um gomo de bola de futebol. "Ser representante do Brasil é mais do que honra e orgulho. É realmente sentir que venho de um país maravilhoso, e que hoje é capaz de se impor no campo dos grandes times como uma nação que pode apitar ou bater o martelo quando não está contente ou tem algo a dizer", afirmou ao Terra.

Gustavo, que desenvolve coleções para homens e mulheres, confessou que o estilo e a atitude da mulher brasileira servem como inspiração
Gustavo, que desenvolve coleções para homens e mulheres, confessou que o estilo e a atitude da mulher brasileira servem como inspiração
Foto: AFP

Mesmo longe do país a mais de 25 anos, o mineiro confessou que está firmando lembranças brasileiras em sua marca. "As cores que tenho desenvolvido atualmente são vivas e sempre há tons de verde, azul, amarelo ou ouro. Inconscientemente sempre me volto aos códigos de como é o Brasil visto de fora para dentro", afirmou. "A  associação verde, amarelo, azul e branco é muito ousada, mas pode ser uma excelente forma de reconhecimento de uma marca", acrescentou.

Gustavo, que desenvolve coleções para homens e mulheres, confessou que o estilo e a atitude da mulher brasileira também servem como inspiração. "Adoro os decotes pronunciados, as fendas altas e a liberdade nas formas e cores vivas", contou.

Apesar de todo o reconhecimento mundial e de ter sua grife desfilando há seis anos em Paris, Gustavo nunca fez uma apresentação por aqui. A justificativa para o fato é que, como vive há muitos anos na Europa, se concentrou na evolução de sua grife na região. "Agora que estou conseguindo estabelecer bases sólidas aqui, vou começar a desenvolver uma estratégia com o Brasil. Até então as minhas coleções eram mais orientadas para os códigos de clima temperado. Hora de pensar nos trópicos e subtrópicos", afirmou.

Quando questionado sobre a alta-costura no Brasil, Gustavo não hesita em dizer que o país tem excelentes designers, mas que a "alta-costura é um ‘label français’ protegido como a apelação da champanhe”. “É  realmente algo tipicamente parisiense”, reafirmou.

Conexão Paris - Minas Gerais

A distância entre uma cidade e outra pode ser longuíssima, mas mesmo assim Gustavo consegue enxergar uma ligação muito forte entre elas. "O que mais vejo de Minas Gerais em Paris é o espírito discreto do mineiro, que quase nunca faz perguntas indiscretas, observa muito antes de se manifestar e tenta deduzir. Somos reservados por natureza", afirmou. Segundo o estilista, os traços de mineiridade foram a chave para ter se adaptado tão bem em Paris. "O que me lembra Minas Gerais é mais o imaginário e a memória do que a paisagem física", detalhou. "Ao mesmo tempo, quando partimos para tão longe e viramos imigrantes, que é o meu caso, somos obrigados a abandonar algumas referências antigas para dar espaço ao novo", destacou.

Entre os turbilhões de sentimentos que ficam nessa "ponte aérea", também está a saudade. "Sempre evitei para não sofrer. Viver longe do Brasil foi uma escolha forçada porque a maneira como eu queria exercer a profissão de costureiro, com linhas arquitetônicas, somente foi possível na Europa", disse. Mesmo assim, Lins se organiza para visitar ao país pelo menos duas ou três vezes por ano, para garantir que vai "receber uma carga forte de energia".

Na passarela

O estilista nunca escondeu suas inspirações no país, como também afirmou que adora colocar modelos brasileiras na passarela. "Elas são excelentes modelos, por sinal. Nesta edição não havia muitas disponíveis. Tínhamos uma reservada, com roupa ajustada e tudo, mas a agência anulou no dia do desfile. São coisas que acontecem", contou.

Gustavo também apresentou a coleção "bijoux de Sèvres", inspirada nas joias das escravas africanas no Brasil. "O Brasil tem um gosto extraordinário para joias. Trouxe peças importantes feitas em porcelana, mas que eram feitas em ouro por aí."

Para esta edição de semana de moda em Paris, colocou em seus dois desfiles um mix de seus dois países: a alta costura francesa, a Manufacture de Sèvres e o futebol brasileiro. "O Brasil é o único país do mundo que soube fazer do futebol um esporte de arte", finalizou.

Fonte: Terra
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