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Moda e guerra: veja peças famosas criadas para o combate

18 out 2012 - 13h58
(atualizado às 17h22)
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Moda e guerra podem parecer dois assuntos totalmente distintos, no entanto, estão mais ligados do que a maioria imagina. Muitas peças clássicas, como o trench coat e o óculos Aviador, foram criadas originalmente para serem usadas em combate. Já outras, como a saia lápis e o blazer, nasceram de necessidades específicas da época.

Kate Middleton aposta em trench coat com babado na barra
Kate Middleton aposta em trench coat com babado na barra
Foto: Getty Images

Para a historiadora, consultora e professora de moda Fernanda Junqueira, esses itens sobreviveram por tantas décadas e caíram na graça de cidadãos comuns e fashionistas de todas as épocas por serem funcionais e confortáveis. “Vivemos em um mundo formado pelas guerras mundiais, onde as mulheres trabalham e as pessoas precisam da agilidade para ir e vir. Ou seja, é um mundo muito parecido com o dos anos 1940, quando muitas dessas peças surgiram e, por isso, elas atendem as nossas necessidades até hoje”, explicou.

Além da praticidade - e, claro, do estilo -, algumas dessas peças também contaram com uma forcinha extra de personalidades para se tornarem verdadeiros ícones da moda. “As calças ganharam popularidade entre as mulheres quando Coco Chanel começou a usá-las em público. Já os trench coats ficaram famosos quando apareceram nos filmes noir de Hollywood”, contou a consultora. “Também existe um significado simbólico por trás desses itens. A mulher que usa uma bota Frye ou um óculos aviador ganha um ar de irreverência, poder, força”, acrescentou.

Abaixo, veja algumas das peças que foram criadas em razão das guerras:

Trench coat: às vésperas da Primeira Guerra Mundial, Thomas Burberry, o fundador da famosa grife britânica, criou casacos super resistentes para os oficiais britânicos. O modelo protegia os combatentes da chuva e dos ventos frios, além de possuir diversos compartimentos que facilitavam o trabalho dos soldados. De acordo com o livro As 100+ - Um guia de estilo que toda mulher fashion deve ter, assinado pela crítica de moda Nina Garcia, a peça se tornou um símbolo da Primeira guerra Mundial e, por isso, ganhou o nome de trench coat - casaco das trincheiras, em tradução livre. Quase um século depois de sua criação, o trench coat já passou por muitas repaginações, mas se tornou um clássico e peça indispensável no guarda-roupa dos fashionistas. 

Óculos Aviador: na década de 1930, a Ray-Ban foi contratada pelo governo norte-americano com o papel de criar um modelo de óculos escuros especialmente para os pilotos da Força Aérea. E a missão não era tão simples: os oficiais precisavam de algo tão resistente quanto os óculos específicos para o voo, mas que não fosse tão grande e pesado. A marca seguiu as recomendações da Força Aérea e, em 1936, apresentou o modelo Aviador. E a peça não foi bem-sucedida apenas entre os pilotos, já que, mais de 50 anos após sua criação, é uma das preferidas de celebridades e fashionistas, ganhando o título de clássico da moda.

Botas Frye: no final do século 19, as botas Frye, que assim foram batizadas por serem feitas por uma fábrica de mesmo nome, eram usadas por combatentes da guerra civil norte-americana e, alguns anos depois, foram adotadas também pelos soldados da Primeira Guerra Mundial. Segundo o livro As 100+ - Um guia fashion que toda mulher deve ter, Teddy Roosevelt, presidente dos Estados Unidos de 1901 a 1909, também era adepto do calçado. Na década de 1960, a modelagem ganhou as telonas, ao aparecer nos pés de xerifes de filmes western, e, enfim, se tornou muito popular . Hoje, as botas Frye são vistas em looks que passam longe de guerras e filmes de faroeste. 

Galochas: na década de 1880, o primeiro Duque de Wellington pediu ao seu sapateiro que reformasse uma de suas botas. De acordo com o livro assinado por Nina Garcia, o Duque queria que o calçado continuasse confortável, mas que fosse mais resistente e capaz de sobreviver às batalhas que enfrentava. Até então feito em couro, o modelo ganhou uma versão em borracha, produzida pela Hunter em 1852. Hoje, as galochas aparecem nas ruas e são figurinhas carimbadas em looks de festivais de música. A Hunter, por sua vez, se tornou a grife-ícone da modelagem. 

Calça cáqui: os integrantes do exército britânico começaram a tingir suas calças brancas com café e caril em pó, a fim de evitar que ficassem encardidas. A ideia deu tão certo que, logo, a calça, que ganhou a cor cáqui, se tornou o padrão dos uniformes dos exércitos norte-americano e britânico. Após adaptações e repaginações, a peça se tornou clássico e caiu na graça também dos seguidores da moda. 

Peças navy: na década de 1820, os marinheiros franceses começaram a usar camisetas listradas que, por serem feitas de algodão tricotado, os protegiam do frio e dos ventos fortes. A moda pegou e o estilo foi adotado oficialmente pela Marinha Francesa. Segundo o livro As 100+ - Um guia de estilo que toda mulher fashion deve ter, as peças eram listradas em branco e azul para que, caso algum manheiro caísse no mar, fosse mais fácil de avistá-lo. Em 2011, a moda navy voltou com força e invadiu passarelas e ruas.

Saia lápis: a clássica saia lápis, que hoje compõe looks elegantes e até formais, nasceu das modelagens mais retas, que eram produzidas durante a Segunda Guerra Mundial. “Esse modelo usava menos tecido e, por isso, atendia ao racionamento do período. Também dava mais agilidade e liberdade de movimento às mulheres, se comparado àquelas saias imensas com cauda”, explica Fernanda.

Blazer: o blazer também entrou para o guarda-roupa feminino durante a Segunda Guerra Mundial, por conta de sua funcionalidade: protege contra o frio e possui diversos bolsos. “Também existiu a função simbólica, já que os ombros proeminentes e seu corte mais quadrado passavam uma mensagem de mulher forte”, conta a consultora. Hoje, a peça ganhou um ar mais irreverente, com cores vibrantes e novos recortes, deixando de fazer parte apenas de composições formais.

Calças: as mulheres passaram a usar calças durante a Primeira Guerra Mundial, quando começaram a trabalhar em fábricas para substituir os homens que estavam em combate. “Na história da moda, é conhecida a versão de que devemos isso a Coco Chanel. Mas, na verdade, a razão tem a ver com a guerra, Chanel apenas popularizou a peça. Mesmo assim, a estilista é tida como uma espécie de porta-voz das mulheres dessa época, que começaram a reivindicar seus direitos”, explicou Fernanda.

Estilo militar: o estilo ganhou as passarelas da temporada 2010/2011, com peças de ombros estruturados, coturnos e, claro, a tradicional estampa militar. E, como o próprio nome já denuncia, todas essas peças foram criadas para serem usadas em guerras e combates. “Esse estilo marcou a estética dos anos 1940, durante a Segunda Guerra Mundial. Desde então, sofre reformulações, mas nunca cai totalmente de moda”, explica a consultora.

 
Fonte: Terra
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