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Lacroix deslumbra Paris com uma coleção em homenagem à legendária Elsa Schiapparelli

1 jul 2013 - 18h22
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Após quatro anos de ausência das passarelas por problemas econômicos, Christian Lacroix, um ícone da moda, voltou ao seleto clube da Alta-Costura com uma deslumbrante coleção em homenagem à legendária estilista italiana Elsa Schiaparelli, (1890-1973), apresentada nesta segunda-feira em um grande museu parisiense, pouco antes do desfile da maison Christian Dior.

"Sem Elsa, eu nunca teria sido um estilista", disse o criador francês de 64 anos na apresentação dessa coleção única feita para marca italiana Schiaparelli, uma "bela adormecida" da multimilionária indústria da moda.

Esta coleção é duas vezes mais significativa não só porque marca a volta de Lacroix à Alta-Costura, cuja ausência deixou um vazio na moda que ninguém conseguiu preencher, mas também porque "ressuscita" a marca criada pela aristocrata italiana em Paris em 1935, que fechou suas portas em 1954 e foi comprada em 2007 pelo empresário Diego Della Valle.

O encontro entre dois mitos da moda tomou a forma de 18 modelos, todos eles espetaculares, expostos como obras de arte no Museu de Artes Decorativas, dentro dos Jardin des Tuileries, em cujos salões Lacroix apresentou sua última coleção de Alta-Costura.

Foi em julho de 2009, poucos dias depois de sua marca, atingida pela crise financeira, ter declarado em falência.

Por isso, "hoje se fecha um ciclo", disse Lacroix, que retomou nesta coleção os códigos de Schiaparelli: o surrealismo de suas criações, a cor rosa choque que a fez famosa, muito volume, seu amor pelos animais, pela natureza, e os interpretou em vestidos nomeados "Escorpião", "Escaravelho" e "Esfinge".

"Quis fazer uma homenagem a Elsa em forma de espetáculo", explicou o estilista, descrevendo sua coleção como "uma mistura de malícia, fantasia e melancolia".

Para esta coleção, intitulada "Homenagem à Elsa", Lacroix transformou o célebre vestido "Lagosta" de Schiaparelli, aquele em que o artista Salvador Dalí pintou um crustáceo (1935), em um extravagante adorno de cabeça, além de um imenso broche na forma desse molusco, bordado com pérolas corais.

"Lacroix retomou o universo surrealista de Schiaparelli, seu amor pela arte, pela naturaleza, peças peles, pelos bordados", disse Fernando Ríos, representante da marca na Espanha, diante de um vestido com ricos bordados que levaram 500 horas de trabalho para ser feito e de sapatos de pele de raposa.

"Elsa utilizava peles de macaco, mas claro, hoje isso não é permitido", disse.

A maior parte das criações foi apresentada em um carrocel de espelhos giratórios, que evocou a importância do tema do circo no trabalho desta estilista italiana, grande rival da francesa Coco Chanel, outra gigante da moda no período entre-guerras.

"Schiaparelli foi a nêmesis de Chanel. A italiana era uma aristocrata extravagante, que representou a fantasia ante o rigor de Chanel", disse o representante espanhol da marca italiana, que voltará a abrir suas portas na Place Vendôme, em Paris, em janeiro de 2014.

"Elsa elevou a Alta-Costura à forma de arte, fantasia, experimentação, vontade de viver", acrescentou o especialista em moda, dizendo que os "sublimes" modelos criados por Lacroix em homenagem a Elsa serão expostos em museus do mundo inteiro dentro de alguns anos.

"São obras de arte", enfatizou diante de um maravilhoso vestido cor de esmeralda, cortado em tiras, drapeado e adornado com um broche brilhante em forma de borboleta. Mas além, um vestido que levou 40 metros de tecido e centenas de horas de trabalho, uma das marcas da Alta-Costura.

Lacroix reconheceu o fato de que porque a coleção criada em tributo à estilista italiana não vai ser colocada a venda ele teve maior liberdade. "Mas eu sempre trabalhei na moda com total liberdade, mesmo que para minha desgraça", disse o estilista, que agora se dedica a criar figurinos para teatro e ópera.

"Estou realizando meu sonho de infância", disse, assegurando que o mundo das passarelas não fazem nenhuma falta, e que não pensa em voltar.

Outro momento forte do primeiro dia dos desfiles de Alta-Costura foi a apresentação da coleção da maison Dior para a próxima temporada, que atraiu artistas como a atriz Jennifer Lawrence (ganhadora de um Oscar), a nova-iorquina Marisa Berenson e a francesa Lea Seydoux.

Para esta coleção, "observei os clientes de Alta-Costura de diferentes continentes e de diferentes culturas e seu estilo próprio", explicou em uma nota divulgada para imprensa o diretor artístico da famosa marca de luxo, o belga Raf Simons, de 44 anos.

Nessa coleção o estilista destacou a cor azul cobalto, o vermelho, o preto e o branco, não focando em "um Dior parisiense e francês, mas em um Dior confrontado no mundo inteiro", explorando como essas culturas podem influenciar as marcas de moda.

Os desfiles continuam nesta terça-feira com as passarelas de Chanel e do brasileiro Gustavo Lins.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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