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Um beijo nas mãos das fadas artesãs desse Brasil afora

9 jun 2009 - 15h45
(atualizado às 15h50)
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Rosângela EspinossiFahion Rio de um lado, Fashion Business de outro. A divisão entre os dois eventos está bem clara nestes dias de moda, ora ensolarados, ora nublados, no Píer Mauá. As entradas são diferentes, apesar de haver uma passagem entre um e outro. Ocorre que o Fashion Rio, na sua 15ª edição, e o Fashion Business, em sua 14ª, eram dirigidos pela mesma empresa, a Dupla Assessoria, de Eloysa Simões. Em abril, a direção do Fashion Rio passou para as mãos de Paulo Borges, por meio da InBrands, da qual a Luminosidade, responsável pelo SPFW, faz parte.

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As bolsas da marca Catarina Mina são feitas por artesãs do Ceará
As bolsas da marca Catarina Mina são feitas por artesãs do Ceará
Foto: Rosângela Espinossi / Especial para Terra

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No próximo ano, em janeiro, os dois eventos ocorrerão em locais diferentes, pois o Fashion Business continua com Eloysa Simões. Todos têm lá seus motivos. Mas vou deixar aqui minha opinião: uma pena. Distâncias mais longas, caso o Fashion Rio continue ainda no Píer Mauá, e o Fashion Business seja na Marina da Glória - como já foi anunciado - vão impedir que fashionistas e jornalistas não tenham tempo de visitar a bolsa de negócios, que reúne cerca de 200 marcas entre novas e já conhecidas, como Salinas, Osklen, Lenny etc.

E uma pena porque andando por aqui, de onde escrevo estas linhas, é possível fazer uma viagem pelo Brasil, pelos mais escondidos rincões e perceber a riqueza que nossa gente produz no quesito moda. Se você está acostumado aos mercados de artesanato, quando viaja, dá até para garimpar algumas coisas legais. Mas aqui, o que se tem visto é um trabalho artesanal que transcende os tradicionais chapéus, bolsas e toalhas de renda que se vê nas feirinhas desse Brasil afora.

É um trabalho rico, com materiais nobres, que são acompanhados e orientados por estilistas locais ou de fora. Roupas feitas com rendas renascença; trabalhos de crochê tricô e outras tramas artesanais, que eram feitos com fibras rústicas ganham suavidade e beleza e uma bonita pegada fashion.

Um exemplo são as bolsas da marca Catarina Mina, cujas proprietárias trabalham com artesãs do Ceará. A tradicional rosa de crochê é feita com linha italiana e outras matérias-primas e acabam crescendo em tamanho e beleza.

Também as carteiras da grife, cujo fio grosso é confecionado pelas artesãs, numa trama meio mágica, e depois costurado para tomar a forma redonda e se transformar em bolsas totalmente fashion. Uma peça pequena demora um dia para ser feita. O preço aqui já é meio salgado: a bolsa rosa de crochê custa R$92, e a carteira, R$125. Mesmo assim, fico triste porque uma simples mortal como eu não pode comprar. A feira é só para revendedores, que colocarão outros preços ao consumidor final.

Andando e entrando nos estandes, dá para ver flores, chapéus, lenços, bolsas, sapatos e roupas feitas com tanto primor e sofisticação que dá vontade de beijar as mãos dessas fadas escondidas nos mil cantos do Brasil. A todas vocês, muito obrigado! E fico pensando aqui com meus botões, fabricados industrialmente, por que a moda brasileira ainda não fez desse artesanato um cartão-postal?


Rosângela trabalha na área de moda desde os anos 80, quando atuava na produção de desfiles. No começo dos anos 90 trabalhou na revista Claudia Moda e no caderno Dia-a-Dia, do Diário do Grande ABC. Assinou a coluna Mulheres Relevantes, da Contigo!. É colaboradora dos canais Moda e Mulher do Terra.

Fonte: Especial para Terra
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