Cores e materiais fazem a diferença na criação de carros
Criar uma peça de roupa demanda a escolha de tecido e cores. A concepção de um carro também inclui essa eleição, mesmo que isso envolva um processo mais grandioso. É o que conta o designer Fabien Darche, gerente de estilo de cores e materiais da Citroën para a América Latina.
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Terra – Conte um pouco do seu trabalho.
Fabien Darche
– A criação de cores e materiais é um pouco desconhecida. Na área de design automotivo, geralmente há o design de exterior e o de interior. O terceiro é o de cores e materiais, que está menos exposto, porque não desenhamos. Nós brincamos com os materiais e com amostras de cores. No entanto, é o mais visível, porque trabalhamos em tudo o que o cliente vai ver ou tocar dentro ou fora do carro, mas que não seja volume. São bastantes coisas.
Terra – O processo de criação de um carro não é nada simples. Por onde começa?
Fabien Darche –
Começa com um grupinho bem isolado de três pessoas: os designers de exterior, de interior e de cores e materiais. Principiamos com a criação de um universo, compondo um painel de tendências, com imagens que captamos em qualquer área, seja na moda, no design de interiores, na arquitetura e até na imagem de uma revista que signifique alguma coisa para nós. Juntamos essas imagens com palavras-chaves e trabalhamos com essa linguagem comum, criando um conceito. O design de exterior cria o volume dele e eu o ajudo com dicas de cor e de acabamento cromado, de cores de roda. O design de interior vai começar a desenhar um banco e um painel, e eu vou apoiá-lo trazendo amostras de texturas, de cores, de tecidos. Aí, juntamos esses ingredientes para, pouco a pouco, transformar tudo em ingredientes automotivos. E, ao final do processo, fazemos algo mais industrial, porque será produzido em uma fábrica. Para finalizar, há um consenso com a direção geral da empresa, pois fazemos propostas, mas não batemos o martelo. A direção do marketing dá a palavra final.
Terra – Você quem fez o design de cores e materiais do DS5, da Citroën. Você chegou nessa cor a partir da coloração do golfinho?
Fabien Darche –
Esse projeto do carro DS5 foi um desafio pessoal e tive bastante sorte de trabalhar nele. Essa tinta, Gris Galena, foi totalmente inspirada na pele do golfinho molhado. O design do exterior queria um carro bem musculoso, com volume denso. E, para ter esse efeito da pele do golfinho molhado, desenvolvemos com os fornecedores de tinta alguns pigmentos bem fininhos para ter esse efeito perolizado, mas com profundidade inédita no mundo automotivo.
Terra – Suas principais ferramentas de trabalho são a criatividade e a tecnologia?
Fabien Darche –
Eu diria que fazem parte. Ainda mais que isso, o principal critério é a curiosidade.
