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Casa de Criadores: Walério Araújo homenageia drags e leva Lea T à plateia

24 abr 2013 - 11h17
(atualizado às 11h21)
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A 33ª edição da Casa de Criadores, que começou nesta terça (23) no Cine Metrópole, no Centro de São Paulo, chamou mais a atenção pela plateia, repleta de drag queens e transexuais, como Lea T. Isso por conta dos convidados de Walério Araújo, que fez uma homenagem a esse mundo exuberante e montado da noite. Aliás, homenagem feita num bom momento, quando as diferenças e as opções sexuais são pautas de discussão no Brasil e no mundo.

“As drags foram minhas professoras. Me ensinaram muito. Não conheço muitas brasileiras, mas convivi com muitas na Europa. Aprendi muitos truques de maquiagem para realçar ou esconder partes do corpo com elas”, disse a transgênera brasileira Lea T., que estava com um vestido vintage, dos anos 70, que pertenceu a uma de suas tias, e calçados Givenchy. Na plateia, Valesca Popozuda também apreciava o desfile.

A transexual Divina Valeria fez um pocket show antes dos desfiles do line-up principal, com músicas de Edith Piaf. Antes, houve a apresentação Talentos Senac, com peças criadas pelos alunos de Estilismo e Modelagem da escola de moda.

Moda

Além de Walério Araújo, Arnaldo Ventura, Danilo Costa e Karin Feller mostraram suas inspirações para o verão 2013. Walério também levou para a passarela drags, travestis e transexuais, como Raphaella Faria, Melissa Paixão, Márcia Araújo, Márcia Molinari e Danny Cowlt, nome artístico de Flavio Fonseca, que entrou com um body preto. Sabrina Sato deveria ter desfilado, mas um compromisso profissional de última hora a tirou da programação. 

<p>Walério Araújo durante seu desfile</p>
Walério Araújo durante seu desfile
Foto: Leo Franco / AgNews

Antes do desfile, uma série de vídeos de clientes famosas de Walério apareceu no telão, de Elke Maravilha a Claudia Leitte, passando por Preta Gil, Sabrina Sato, Adriane Galisteu e Fafá de Belém. “Fiz essa coleção para homenagear minha amiga drag queen Verônica, já falecida, que ganhou muitos prêmios na noite paulista”, disse Walério, que no final fez seu show de sempre, dançando na passarela, dessa vez com uma capa de São Jorge (ontem foi dia do santo). Alguns modelos surgiram com o corpo todo pintado de laranja e glitter, da cabeça aos pés.

Nas roupas, uma sucessão de plissados em quatro tons, longos e curtos, lembrando os anos 70, e tule, até em boas, usado com couro alaranjado, com vazados triangulares. O laranja, o dourado e o preto dominaram a cartela de cores. Tramas abertas em dourado, em bodies e em sungas masculinas também foram vistas.

Índio

Uma coleção concisa e sempre com o acabamento impecável foi apresentada por Arnaldo Ventura, com o tema Brasil. Para isso, se inspirou nos índios. Mas quem poderia achar que haveria uma profusão de penas, cocares e pinturas corporais, enganou-se. O verão de Arnaldo Ventura traz, principalmente, referências das tramas das cestarias do artesanato indígena de forma sutil e delicada. 

<p>Desfile de Arnaldo Ventura</p>
Desfile de Arnaldo Ventura
Foto: Marcelo Soubhia/Fotosite / Divulgação

O corte tigelinha dos índios aparece discreto nas perucas usadas pelos modelos masculinos. As pinturas, apenas numa leve risca clara no rosto. Peças vazadas, para homens e mulheres, e as lindas tramas feitas com fitas de crepe, couro vegetal claros e escuros e jacquard com estampas de flores douradas formavam as peças estruturadas, como saias, casaquetos e calças nunca muito distantes do corpo. 

A cartela de cores era enxuta: off-white, amarelo, verde-oliva meio amarronzado e o dourado. Apenas uma estampa com referências indígenas também discretas. A assimetria vinha nos comprimentos, com faixas mais compridas frontais ou na parte de trás e também nas tiras desabadas em pontos estratégicos. Bela coleção e sem excessos.

Insetos

Danilo Costa, que começou com uma moda masculina com pegada lúdica, cada vez mais aposta no feminino. “Vendo mais para clientes no Japão do que para o Brasil, e eles me pedem feminino”, disse no backstage antes da apresentação. A coleção trouxe como inspiração a história de uma libélula que fez vários amigos. Nesse contexto, besouros, a própria libélula e outros insetos estampavam as peças, assim como flores em fundo preto.

Camisetas com superbesouro na frente, leggings e blusões em malha prene (um neoprene mais leve, mas encorpado), inclusive para os homens, além de shorts, bermudas, vestidinhos, hot pants, bodies, sungas e conjuntinhos formavam a coleção do jovem estilista.

Areia

Karin Feller manteve a linha de uma moda jovem e descoladinha para garotas “patricinhas” (ainda se fala assim?). A inspiração partiu de uma garrafa com desenhos de areia colorida, típicas de Alagoas. Assim, suas roupas vieram nas cores do tingimento da areia desses objetos: rosinha, laranja, verde-água, azul e bege.

Tramas das redes dos pescadores e bonés com aplicações coloridas, as mesmas de alguns sapatos, enfeitaram a coleção recheada de shorts, saias e vestidos curtinhos. Karin usou em algumas peças tecidos feitos de algodão reciclado da empresa EcoSimple, que pega sobras de tecidos de outras tecelagens para transformar em novas tiras e tramas, algumas que lembram até um tweed.

Fonte: Ponto a Ponto Ideias Ponto a Ponto Ideias
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